Resumo:Às 10h36, o dólar à vista era cotado a R$ 5,379, com baixa de 0,33%, enquanto o dólar futuro para novembro recuava 0,34%, a R$ 5,395, na B3.

Publicado em 23/10/2025
O dólar americano iniciou esta quinta-feira (23) em queda frente ao real, acompanhando o movimento global de desvalorização da moeda dos Estados Unidos diante de outras divisas emergentes. O cenário internacional segue dominado pela expectativa em torno dos dados de inflação dos EUA (CPI), que serão divulgados amanhã, e pela decisão de juros do Federal Reserve (Fed) na próxima quarta-feira.
Às 10h36, o dólar à vista era cotado a R$ 5,379, com baixa de 0,33%, enquanto o dólar futuro para novembro recuava 0,34%, a R$ 5,395, na B3.
O movimento de queda é sustentado por um ambiente de maior apetite por risco e pela valorização de moedas emergentes, como o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano, que também registram ganhos frente à moeda americana.
No exterior, o índice do dólar (DXY), que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, subia levemente 0,09%, a 99,018 pontos, sinalizando estabilidade e refletindo a divergência entre economias desenvolvidas e emergentes.
Dólar Frente ao Real: Oscilação Limitada e Expectativas Cautelosas
Apesar da leve queda observada nesta manhã, o dólar opera em margens estreitas diante do real. A falta de novos catalisadores domésticos mantém o câmbio em compasso de espera, com os investidores atentos ao cenário fiscal brasileiro e às movimentações políticas em Brasília.
Internamente, as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante viagem oficial à Indonésia, tiveram repercussão entre economistas e analistas de mercado. Lula afirmou que disputará a reeleição em 2026 e criticou o “receituário neoliberal”, reforçando a intenção de manter políticas desenvolvimentistas e de incentivo à indústria nacional.
O presidente também destacou que o Brasil deve propor, durante a COP30, a quadruplicação do uso de combustíveis sustentáveis, uma sinalização positiva para o setor de energia limpa, mas que gera cautela fiscal entre investidores preocupados com o aumento potencial de gastos públicos.
Política Monetária e Selic: Banco Central em Tom Restritivo
Durante o mesmo evento, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmou que a autoridade monetária permanece incomodada com a inflação e as expectativas fora da meta. Embora tenha reconhecido um processo de desinflação gradual, Galípolo ressaltou que a taxa básica Selic, atualmente em 15% ao ano, deve permanecer em nível restritivo por um período prolongado.
Segundo o Banco Central, o objetivo é assegurar a convergência da inflação para a meta de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual. A ausência de previsão para reduções adicionais de juros indica que o Brasil seguirá oferecendo juros reais elevados, um fator que sustenta o real frente ao dólar por meio do carry trade — estratégia de investidores que aproveitam a diferença de juros entre países para buscar rendimento.
Expectativas Internacionais: Inflação e Decisão do Fed
O foco do mercado global está voltado para dois eventos principais:
- A divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, na sexta-feira;
- A reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), do Federal Reserve, na próxima quarta-feira.
Analistas esperam que o CPI mostre uma desaceleração da inflação norte-americana, o que poderia abrir espaço para um novo corte de juros pelo Fed ainda este ano. Caso o indicador venha mais fraco, o dólar pode perder força globalmente, favorecendo o real e outras moedas emergentes.
Segundo o consultor financeiro José Faria Júnior, da Wagner Investimentos, “se o CPI não vier mais forte amanhã e houver corte de juros pelo FOMC na próxima semana, o real pode se valorizar novamente, levando o dólar a se aproximar de R$ 5,30”.
Tensão Comercial Entre EUA e China
A guerra comercial entre Estados Unidos e China segue como pano de fundo para os movimentos cambiais. O ex-presidente americano Donald Trump voltou a ameaçar restringir exportações de softwares para empresas chinesas, o que aumentou a cautela nos mercados asiáticos.
Ainda assim, o impacto sobre o real foi limitado. A posição do Brasil como fornecedor de commodities mantém o fluxo cambial positivo, especialmente diante da recuperação do preço do minério de ferro e da soja — ambos produtos com forte peso na balança comercial brasileira.
Câmbio e Fiscal: O Peso das Contas Públicas no Real
Internamente, o mercado continua preocupado com a questão fiscal. O governo tenta equilibrar o Orçamento de 2026 e busca alternativas de arrecadação, após o fracasso da Medida Provisória da Taxação de Fundos e Offshores no Congresso.
Essa dificuldade em aumentar receitas sem elevar impostos mantém o risco fiscal elevado, o que limita o espaço para uma valorização mais expressiva do real. Investidores enxergam o atual momento como uma “trégua técnica”, sustentada pelo fluxo externo e pelo diferencial de juros, mas alertam para volatilidade no médio prazo caso o governo não apresente medidas concretas de controle de gastos.
Dólar Turismo e Mercado de Varejo
O dólar turismo opera em leve queda nesta quinta-feira, sendo cotado a R$ 5,415 na compra e R$ 5,595 na venda. Apesar da redução, o valor segue elevado, refletindo custos de transação, spread bancário e demanda aquecida por viagens internacionais com o dólar ainda próximo de R$ 5,40.
Para o consumidor, o cenário continua de cautela. Especialistas recomendam que quem pretende viajar diversifique as compras de câmbio — adquirindo dólar aos poucos — e aproveite eventuais janelas de alívio cambial antes da divulgação de novos dados de inflação e juros.
Correlação Entre Dólar e Commodities
Enquanto o dólar opera em queda, o mercado de commodities mostra recuperação, favorecendo o real. O petróleo Brent voltou a superar os US$ 82 por barril, impulsionado por sinais de redução na oferta da OPEP+ e melhora nas perspectivas de crescimento global.
Já o ouro (XAU/USD) mantém-se estável em torno de US$ 4.230 por onça, refletindo a combinação entre temores de recessão e cautela antes das decisões do Fed. O metal precioso segue como refúgio de valor e costuma subir sempre que há incerteza sobre a política monetária americana, atuando como contraponto ao dólar.
Panorama Técnico: Dólar em Zona de Consolidação
Do ponto de vista técnico, o USD/BRL permanece em uma faixa de consolidação entre R$ 5,35 e R$ 5,42. O suporte imediato está em R$ 5,36, enquanto a resistência se mantém em R$ 5,42. O RSI (Índice de Força Relativa) próximo de 51 pontos sugere neutralidade, com leve viés de baixa.
Analistas apontam que, se o real confirmar força e o dólar perder o suporte de R$ 5,36, há espaço para queda até R$ 5,30 — patamar considerado chave de curto prazo. Por outro lado, uma surpresa inflacionária nos EUA ou nova escalada política doméstica pode empurrar o dólar novamente acima de R$ 5,45.
Conclusão: Um Dia de Estabilidade com Viés Levemente Baixista
A cotação do dólar frente ao real nesta quinta-feira reflete um equilíbrio entre fatores externos e internos. Enquanto o mercado aguarda os dados de inflação dos EUA e a decisão de juros do Fed, o real se beneficia do carrego positivo proporcionado pela alta Selic e pela entrada de fluxos estrangeiros.
No entanto, a incerteza fiscal brasileira e as declarações políticas em torno da reeleição presidencial adicionam volatilidade ao ambiente. O cenário, portanto, é de curto prazo estável, mas com riscos relevantes no horizonte.
Para investidores e empresas expostas ao câmbio, o momento exige prudência e gestão ativa de risco, aproveitando períodos de alívio para proteger margens e diversificar posições. Se os dados de inflação nos EUA confirmarem desaceleração, há espaço para o dólar testar o suporte de R$ 5,30; caso contrário, a moeda pode retomar o movimento de alta já na próxima semana.
O dia termina, portanto, com o real levemente fortalecido, o dólar em consolidação e o mercado global em estado de espera, numa quinta-feira marcada por calma aparente, mas alta sensibilidade a qualquer sinal vindo de Washington ou Brasília.
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